Já está escuro. Aliás, bem escuro e tarde. Talvez daqui a pouco chegue a tal “hora neutra”, sim, aquela sentida e comentada por Rubem Braga.
E com ela o “tal Bebu” pode aparecer e começar a me fazer perguntas, ou quem sabe ler minha mente e nada dizer. Pura psicologia; inerte, calada, horripilante.
Isso assusta, e como. Imagino como seria passar um dia inteiro ao lado de Belzebu, compartilhando o dia a dia, o café preto, a rua cheia de carros, os pedestres se afastando, os mendigos nas praças, as crianças por aí. Algumas brincando, outras famintas...
E é esse o mundo que dividiríamos. Talvez, ao entardecer, tomássemos algumas cervejas num bar qualquer, como amigos que falam pouco.
Talvez até fosse bom andar por aí e ver as coisas comuns com alguém incomum ao lado. Certamente tiraríamos uma bela lição disso tudo.
Mas, se a revolução celeste houvesse acontecido, se o mal tivesse derrubado todos aqueles anjos e querubins, se o céu não fosse tão azul, mas talvez cinza e triste, algo teria mudado?
E com ela o “tal Bebu” pode aparecer e começar a me fazer perguntas, ou quem sabe ler minha mente e nada dizer. Pura psicologia; inerte, calada, horripilante.
Isso assusta, e como. Imagino como seria passar um dia inteiro ao lado de Belzebu, compartilhando o dia a dia, o café preto, a rua cheia de carros, os pedestres se afastando, os mendigos nas praças, as crianças por aí. Algumas brincando, outras famintas...
E é esse o mundo que dividiríamos. Talvez, ao entardecer, tomássemos algumas cervejas num bar qualquer, como amigos que falam pouco.
Talvez até fosse bom andar por aí e ver as coisas comuns com alguém incomum ao lado. Certamente tiraríamos uma bela lição disso tudo.
Mas, se a revolução celeste houvesse acontecido, se o mal tivesse derrubado todos aqueles anjos e querubins, se o céu não fosse tão azul, mas talvez cinza e triste, algo teria mudado?
É essa a indagação de Belzebu, coisa que nem mesmo o matuto e inteligente escritor "cachoeirense do itapemirim" soube responder.
Rubem Braga sempre me fascinou pela sua destreza em escrever. Suas crônicas sempre trouxeram uma simplicidade e sofisticação na dose certa. Dotado de perfeito olhar do cotidiano, retratou os dias de uma maneira peculiar. Crônicas como: O caminhão, O conde e o passarinho, Aventura em Casablanca, Os amigos na praia e tantas outras, mostram o potencial exuberante e atraente de sua escrita.
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim, Espírito Santo, a 12 de janeiro de 1913, foi repórter, redator, editorialista e cronista, trabalhando em diversos veículos de comunicação, como “Diário Carioca”, “O Estado de Minas”, “Folha do Povo”, "O Globo", "Correio da Manhã" e fundou com Samuel Wainer a revista mensal “Diretrizes”.
Escreveu inúmeras obras, se destacando “Um pé de Milho” (1948); “A Borboleta Amarela” (1956); “Ai de ti, Copacabana” (1960). Escreveu também, como correspondente de guerra para o Diário Carioca na Itália, "Com a F.E.B na Itália".
Escreveu inúmeras obras, se destacando “Um pé de Milho” (1948); “A Borboleta Amarela” (1956); “Ai de ti, Copacabana” (1960). Escreveu também, como correspondente de guerra para o Diário Carioca na Itália, "Com a F.E.B na Itália".
Em 1968, fundou, com Fernando Sabino e Otto Lara Resende, a editora Sabiá, responsável pelo lançamento no Brasil de escritores como Gabriel Garcia Márquez, Pablo Neruda e Jorge Luis Borges.
Faleceu em 17 de dezembro de 1990, em Ipanema, Rio de Janeiro.
Lendo as crônicas de hoje em dia, espalhadas por jornais e revistas, com a linguagem rebuscada e cheia de floreios, fica a saudade e a curiosidade de saber como era se defrontar diariamente com as palavras de Rubem Braga.
O escritor, sempre que pode, me acompanha em muitas “horas neutras”, que se estendem além das madrugadas, tomando dias e dias seguintes.
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