sábado, 28 de março de 2015

A culpa de ser uma lenda

Acompanhei atentamente ao show de Robert Plant, infelizmente pela TV, que o inglês apresentou hoje aos brasileiros, no festival Lollapalooza. Fato é que venho assistindo às suas apresentações ao longo da turnê, coisa que o youtube, felizmente, permite maravilhosamente.

Quando um artista tem mais de 50 anos de palco e integrou um dos mais contundentes grupos de rock da história, fica difícil contemplar um set suficientemente satisfatório ao publico. Dessa forma, Plant mescla Led com África e carreira solo, mais Willie Dixon e Bukka White, tudo alinhavado com uma classe sobrenatural. 

Após o show, li algumas matérias a respeito do concerto, as quais me incomodaram sobremaneira. Em uma delas, o repórter diz que o excesso de misturas introduzidas por Plant durante o show deixam o ambiente morno; já outra reclama da potência vocal do cantor. Oras, penso comigo, essa mistura funcionou em “todos” os shows da turnê. O senhor vem de uma sequência de concertos e festivias onde desfila pedradas como Tin Pay Valley, Turn it up, Bron-Y-Aur Stomp, Communication Breakdown, e onde jamais deixa a chamar se apagar. Como pode manter a voz cristalina?

Bom, a verdade é que você pode admirar vários Plants. O gritador afinado dos anos 60 ou o homem com 20 pulmões dos anos 70. Também pode escolher entre o senhor empetecado dos anos 80 ou o pacato dos anos 90. Pode ainda se decidir entre o homem que renasceu neste século, ou então o cantor dos Honeydrippers, a lenda que voltou com o Led, que flertou com o country (bobagem, posto que ele sempre usou e abusou do estilo), enfim.

O que parece é que hoje, beirando as sete décadas, Plant é um cantor pleno e maduro, sabedor de seus limites, conhecedor de seu potencial e absolutamente completo, como Sinatra, Bennett ou Aznavour. Justiça seja feita, alguns jornais corroboraram minhas ideias.

Nobody's fault but mine


LinkWithin

Related Posts with Thumbnails