terça-feira, 28 de setembro de 2010

89 em 97

Procurando algo para escutar no rádio, acabei sintonizando a 89 Fm. Não gosto da programação, e isso não tem nada a ver com o fato de não ser mais a Radio Rock, sendo que quem sustenta esse epíteto não é tão Rock assim, enfim.

O fato é que me lembrei que num dia, já bem distante, ligaram para minha casa, acho que foi num sábado, e falaram que dentro de alguns instantes eu participaria do Pressão Total, programa de perguntas e respostas da 89 Fm.  Naquela época, eu ainda era um moleque meio bobo e ficava escutando rock o dia todo. Juntava os trocadinhos para comprar minhas revistas “especializadas” e os CDs de minha preferência. Cada beleza no seu tempo.

Bom, estava valendo um mochila, um CD e uma camiseta. Eliminei um participante e fui pra próxima fase. No entanto eu não consegui, pois empaquei em duas perguntas: uma sobre o Papa e outra sobre aviões.
No fim, me sobrou a camiseta e o CD. O primeiro item já se deteriorou, depois de usá-lo em tantos shows, na escola, depois pra ir à padaria, jogar bola, dormir e, por último, o chão. Ashes to ashes...
    
Já o CD ainda tenho, mas dificilmente escuto. Start me Up, God Save The Queen, Pet Semetary, Candy ou (ah não, não!!!) Fear of The Dark deveriam ser ótimas músicas quando eu tinha meus 17 “años”, mas hoje parece que perderam um pouco de seu brilho.   

Tudo bem que elas já existiam antes de meus 17, e quando eu partir elas ainda tocarão em algum lugar, num ouvido saudoso ou, será (?), sedento por “novidades” .

Estou olhando agora mesmo para ele e pensando como muitas coisas nunca mudam, como quantos garotos irão entrar no mundo da música através desses sons e como tantos outros irão odiar essa músicas e dizerem que são todas velharias.

No fundo isso nunca vai mudar, penso eu. Sempre terá alguém que ira defender bravamente essas bandas como o grande, e último, sopro sonoro. Só acho engraçado esse negócio bobo e persistente de rádio rock. As pessoas fazem questão de defender as mesmas músicas, ano após ano, sem inovação.  

sábado, 25 de setembro de 2010

Um pouco de algo

Sabe quando você quer fazer algo, mas não sabe muito bem no que vai dar e quer ir até o fim mesmo assim, mesmo sem saber se terá fim? Pois é, isso é muito bom. O conflito de querer e a dúvida sobre tudo.  

Mas é assim  mesmo, nada de facilidades. As situações não se apresentam com respostas, mas sim com centenas de opções, sendo que todas podem dar certo ou não. Por que estou dizendo isso? Não sei ao certo.

Estava pensando na frase de Sartre, eternizada na música dos Engenehiros, "A dúvida é o preço da pureza." Então ser puro é viver na dúvida, sem nunca conhecer a centelha da possibilidade? E que possibilidades são essas que nos desvirtuam, nos despem da pureza?

Ah, não tenho respostas nem pra metade de minhas perguntas, e não consigo formular perguntas pra supostas respostas que possuo. Sem sentido?, totalmente.

Faz um tempinho que não escrevo as coisas que me propus aqui no blog, musica/literatura, mas ando sem a mínima vontade de falar dos outros. Ando, sim, falando de mim. Pegando as centenas de músicas e livros que surgem na minha memória e fazendo um mosaico de minha pessoa. Ainda não faz muito sentido, e sei que vai demorar pra surgir alguma forma nisso.

Como disse no início, quero ir, fazer, subir na escada mais alta e, lá no topo, gritar muito, pra que todos me ecutem, mas, antes de todos, pra que eu escute.
Estou aqui...   

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Livre

Dias desses estava lendo uma crônica do Vinícius chamada Da Solidão. O título, por si só, já expressa uma pontinha de angustia em quem quer que seja. Certa hora ele cita o nome do poeta  Hart Crane, que se jogou ao mar quando ia do México para os Estados Unidos.

Crane ficou lá, jogado no oceano, na total escuridão, vendo o navio ir embora e a morte se aproximar. E essa imagem ficou na minha cabeça desde então.

O poetinha conversa, em poucas linhas, sobre a solidão que acometeu alguns ilustres personagens da arte mundial. Poe, Toulouse-Lautrec, Dante, Rilke. E no fim continua a pergunta: qual a maior solidão?

Será a de Chico, em sua tristíssima Pedaço de Mim; ou quem sabe é a composição de Sérgio Bittencourt, Naquela Mesa, onde relata a saudade que sente de seu pai, o eterno Jacob do Bandolim?
Não importa. Solidão é algo tao forte que não é presico nem mesmo se estar só para sentí-la. Eu caí nisso por acaso, penso eu. Ontem, naquele dia frio e quase morto, como hoje, fez 20 anos que perdi algo muito valioso pra mim.

Depois de tantos anos me massacrando, penando, culpando (?), me matando, consegui, enfim, deixar isso pra trás. Cobri com terra e saudade. Não aquela saudade mortal, que normalmente é a mais sentida, mas aquela que trás a certeza de que, no momento certo e da maneira certa, as coisas foram muito bem. Tudo perfeito e em sincronia..felicidade.   

Quase no fim da crônica, Vinícius diz: não, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não da a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.   

Pois é. Hoje penso o quanto fui egoísta, até mesmo cruel, em não aceitar, simplesmente aceitar, que muitas coisas seguem seu proprio rumo independente de nossa existência, que é bobagem se matar e tornar-se algo amargo e duro. Isso de pensar que o mundo é culpado pela sua dor, que ela é a maior e mais a triste de todas, que o negócio é se fechar na sua dor, isso não tem sentido, não pra sempre. 

Se você chegou até aqui talvez pergunte que diabos, eu leitor, tenho com isso. Eu digo que nada. Este post foi meio pessoal demais. Somente pra ter a certeza de que, ao olhar pra trás, não ficarei em pedaços, mesmo sabendo que a mesa estará sempre vazia.

Digo isso sem um pingo de tristeza, que fique claro. Boa noite e Boas Batidas. 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ainda vivos

E este mês apresenta dois dinossauros em plena forma: Ron Wood e Lee “Scratch” Perry.

Wood, 63 anos, chega ao seu 8º disco solo, numa carreira que tem como ponto alto os dois primeiros  discos I´ve Got My Own Album To Do (1974) e Now Look (1975) e Gimme Some Neck (1979). Assim como os outros trabalhos, este último conta com a participação de nomes consagrados da musica, como os guitarristas Slash e Billy Gibbons e o cantor country Kris Kristofferson. O título do disco é I Feel Like Playing, e tem previsão de lançamento ainda neste mês.

Já “Scrath” Perry chega aos 74 anos com uma única vontade: não parar. Recem lançado, Revelation também traz boas participações, como Keith Richards, George Clinton ,Duncan & Green, Tim Hill e Alec Hay. Perry tem uma carreira monstruosa, que começou em 1972 e teve momentos marcantes em 73, com Cloak and Dagger e 78, com Roast Fish, Collie Weed & Cornbread. Na verdade, como se trata de uma lenda viva do Dub, com tanto tempo de carreira, isso de pautar seus pontos marcantes não serve muito.
Boas Batidas. 



quarta-feira, 1 de setembro de 2010

"Marujo Dub". Entrevista com João Barone

A agenda é corrida, e como. Quase três décadas na estrada e um fôlego inabalável. Sempre citado como referência quando o assunto é bateria e rock nacional, João Barone já virou peça fácil na boca de músicos dos mais variados estilos. Atualmente em turnê do disco Brasil Afora, 12º trabalho de estúdio dos Paralamas do Sucesso, o baterista concedeu uma rápida entrevista ao BS.

BS● Como anda a repercussão da turnê Brasil Afora?
Barone - Agenda cheia é o melhor sintoma, estamos fazendo muitos shows, depois de um ano na estrada, depois dos prêmios no final de 2009, adentramos 2010 à todo vapor.

BS● Quais as principais mudanças que você aponta desde o retorno da banda, em 2002, para agora?
Barone 
- Mais empolgação, mais entrega, mais vontade de tocar.

BS● Quando começou o seu interesse pela bateria os únicos bateristas brasileiros que chamaram sua atenção foram Robertinho Silva e Rubinho Barsotti, como foi
esse início?
Barone - Não, a lista é grande, tem o Serginho Herval, Milton Banana, Serginho Gomes...

BS● Dentre os trabalhos gravados por você, quais são os preferidos?
Barone - Todos! Pode parecer a velha regra, mas o Brasil Afora foi muito legal, da fase de criação, pré-produção e gravação, foi muito legal como há anos não acontecia.

BS● Como vocês montam o set list dos shows? Tem sempre aquelas que nunca faltam, mas não pinta aquele lance da surpresa?
Barone
 - Na verdade, a lista de músicas tenta juntar o novo e o consagrado, numa forma diferenciada dos shows anteriores, vamos tentando encadear as canções de uma forma legal, criando climas ao longo do show. Ao longo da turnê, depois que está tudo no trilho, procuramos variar um pouco a lista, tirando algo e colocando algum coringa...

BS● Qual a principal diferença no cenário do rock nacional de quando os Paralamas começaram para os dias de hoje? Gravação, divulgação, shows, está tudo mais fácil? 
Barone
 - Vivemos um mundo novo. Mas se engana quem penssa que é mais fácil, muito pelo contrário, tem muito mais gente - com muito bons trabalhos - disputando os 10 minutos de atenção mínimos necessários para despertar interesse nos dias de hoje, tarefa difícil em tempos de internet...

BS● Pensa em gravar mais algum material didático?
Barone - Não, essa seara não é a minha, não tenho muito que ensinar, minha música com Os Paralamas é a melhor expressão do meu trabalho.

BS● Sobre o The Silvas, existe a possibilidade de seguir com o projeto ou foi só uma coisa passageira? (Projeto de Surf Music formado por Barone junto com Liminha, Dé e Daniel Farias)
Barone - Quando der, a gente se reúne de novo, o lema da banda é "no stress".

BS● Depois de quase 30 anos, o que podemos esperar dos Paralamas?
Barone - Segundo Herbert, mais 30 anos!

BS● Cite três momentos marcantes de sua carreira.
Barone - Rádio Fluminense, Rock in Rio e a volta do Herbert aos shows... Pra citar só alguns...

BS● Acho que seu estilo Stewart Copeland foi até o Passo do Lui, depois ganhou uma sonoridade bem característica. Essa comparação te incomoda?
Barone - De forma alguma, já fiz inúmeras odes ao Mr Copeland por existir, eu o agradeço todos os dias, sem ele eu existiria, mas seria bem menos feliz.

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