sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mais do que João

João Batista do Vale, maranhense da cidade de Pedreiras, nasceu em 11 de outubro de 1934. Quinto numa família de 8 irmãos, até os 12 anos vendia na rua bolos preparados pela mãe. Aos 13 trocou os bolos pelas laranjas, na feira de Praia Grande, em São Luís.
Até chegar ao Rio, com 16 anos, ainda passou por Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia. Lá trabalhou como ajudante de pedreiro, largando a profissão depois de ser desacreditado por um companheiro de serviço.

Até aqui esses fatos poderiam ser “apenas mais um João” que veio tentar a vida numa cidade grande. Mas a historia mostra que João do Vale foi muito mais do que isso. Compositor com mais de 400 composições gravadas, começou ainda criança com o bumba-meu-boi de sua terra natal.


Zé Keti, Nara Leão e João do Vale

Foi Zé Kéti que o convidou ao Zicartola. Logo chamou atenção, devido a grande quantidade de musicas conhecidas que cantava e ninguém sabia que ele era o autor.
O pessoal do grupo teatral Opinião sempre ia ao local, e logo surgiu a idéia de um espetáculo reunindo Zé Kéti, Nara Leão, depois substituída por Maria Bethânia, e João.
Com a interpretação contundente que Bethânia mostrou em “Carcará” o nome do compositor ganhou grande renome. Apresentou-se pela Europa, Estados Unidos, Cuba e Angola.


João do Vale. Poeta do Sertão

Suas inúmeras composições, como “Pisa na Fulô”, “A voz do Povo”, ”Lavadeira e Lavrador”, “Sina de Caboclo”, “Segredo do Sertanejo” e “Minha História” ganharam interpretações de Jackson do Pandeiro, Clara Nunes, Nara Leão, Dolores Duran, Marlene, Ivan Lins e tantos outros.

Com sua fala rude e pouco estudo, mostrou que a sabedoria não se adquiri somente nos bancos de escola. Denuncias sociais, lamentos do sertanejo, a seca, tudo isso foi relatado por João do Vale, sempre de uma forma triste e verdadeira, de quem viveu na carne.

Faleceu em 6 de dezembro de 1996, num hospital de São Luís, após um derrame.
Com uma obra tão vasta e vigorosa o compositor é mais um que faz parte do “baú sem chave dos artistas brasileiros”, condenados eternamente a viverem na lembrança de pouquíssimos.

Inestimável.

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