quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Batuca, minha gente

Todo baterista é um percussionista? Bom, em tese isso é verdade. Mas a verdade mesmo é que muitos “batuqueiros” se destacam mais nos pandeiros, agogôs, cuícas, balafons e afins do que na terna e inseparável bateria. Alguns são percussionistas mesmo, outros atacam das duas maneiras.

Eis um cara que geralmente não é muito lembrado, talvez por, na maioria das vezes, ser um musico contratado, ou porque o pessoal não da a mínima mesmo e só que escutar o som, mais nada. Vai saber.

Bom, dois nomes que são presença constante em gravações de artistas, nacionais e estrangeiros, são os cariocas Paulinho da Costa e Laudir de Oliveira.

São milhares os trabalhos onde podemos encontrar as mãos dos dois. Só pra citar alguns clássicos, Paulinho gravou com: Michael Jackson, Earth, Wind & Fire, Burt Bacharach, Brian Ferry, Journey, Djavan, Oscar Castro Neves, João Bosco, Simone, Ricardo Silveira, Maria Bethania, Edu Lobo, João Gilberto, Ivan Lins, Ney Matogrosso e muitos, mas muitos mesmo, outros artistas.

Paulinho se radicou em Los Angeles em 1973, quando acompanhava o Brasil’77, de Sérgio Mendes. Desde esse tempo, tornou-se um dos mais requisitados músicos de estúdio, ganhando muita fama, principalmente pela sua excelente musicalidade. Só o trabalho em "Wanna Be Startin’ Something", primeira faixa de Thriller, já seria o suficiente para marcar o nome do musico.

Pra quem tiver curiosidade, ele já lançou cinco discos solo. Nem precisa dizer que são bem difíceis de encontrar, certo?

Já Laudir começou nos batuques de candomblé, aos 14 anos, e sua primeira viagem para o exterior foi para à França, acompanhando a bailarina Mercedes Batista.

Tempos depois estaria novamente na estrada, dessa vez acompanhando o grupo de dança Brasiliana; foram quatro anos de shows.

E, tal qual Paulinho, em 1969, aos 19 anos, firmou pé em Los Angeles, a cidade onde tudo acontece. Começou com o ex-vizinho, o maestro Moacir Santos e logo depois estava com o Brasil’66, de quem? Ele mesmo, Sergio Mendes.

Depois foi para o grupo Vox Populi, voltou ao Brasil’66 e de quebra, já no Brasil, ajudou a fundar o Som Imaginário, com os cobras Robertinho Silva, Wagner Tiso, Luiz Alves, Tavito e Zé Rodrix.

A “turma” durou seis meses, com essa formação. Laudir foi substituído por outro grande nome da percussão: Nana Vasconcelos, e voltou aos Estados Unidos com, quem mais?!, Sergio Mendes.

Nesse ínterim gravou o antológico With a Little Help From My Friends, de Joe Cocker.

Logo depois, viria uma das fases mais marcantes de sua vida, oito anos acompanhando o grupo Chicago.

Bom, a historia é grande, então vou dizer que, além de todos esses “camaradas”, Laudir ainda gravou com Herbie Hancock, Hermeto Pascoal, Chick Corea, Nina Simone, Marcos Valle, Toninho Horta, Sandra de Sá, Beth Carvalho, Martinho da Vila, João Nogueira, Fagner, Maria Bethânia, Gal Costa, Gilberto Gil, Dori Caymmi, Milton Nascimento, e mais uma infinidade de astros.

Um que se destaca tanto na percussão como na bateria é o paranaense Airto Moreira. Acompanhe aqui a entrevista que ele concedeu ao BS.

Já que eu falei de Nana Vasconcelos, deixa eu dar uma pincelada. O pernambucano iniciou a carreira em Recife, na Banda Municipal e, depois, acompanhando Gilberto Gil. Foi para o Rio em 1967, onde tocou com Joyce, Milton Nascimento e outros.

Ao contrário de Laudir e Paulinho, Nana não foi para Los Angeles, mas sim para a Europa. Apesar te ter passado antes um tempo em Nova York. Gravou com Miles Davis, Art Blakey, Tonny Willians, Egberto Gismonti, com quem trabalhou durante oito anos, tendo no curriculo o clá trabalhou durante oito anos, tendo no currpiculo o cllada. oito anos acompanhando o grupo Chicago.ssico Dança das Cabeças, de 1977. Trabalhou um bom tempo em Nova York (novamente), gravando com Pat Metheny, B.B. King e Paul Simon. Possui uma extensa discografia e uma infinidade de trilhas sonoras para filmes e novelas.

Bom, esses caras são todos músicos já tarimbados, com mais de quarenta anos de estrada.

Tem três nomes que já são bem(ta certo, mais ou menos) conhecidos e não tem como deixar passar. São eles: Marcos Suzano, Simone Soul e Dalua.

Suzano é bem falado pelo disco Olho de Peixe, que lançou em parceria com Lenine, em 1996. Ainda lançou dois discos solo e quatro com o seu grupo, Aquarela Carioca. Já acompanhou Zé Kéti, Gilberto Gil, Ney Matogrosso e outros.

Simone Soul se destacou fazendo um bom trabalho de transição da percussão para a bateria. Juntou latas, tambores diversos e, nessa massa toda, a sonoridade é excelente.

Atacando dos dois lados, bateria e percussão, já gravou com artistas diversos, como Mutantes, na reunião deles, Itamar Assumpção, na banda Orquídeas do Brasil, Elba Ramalho, Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Badi Assad, Jards Macalé, e outros. Já tocou em diversos festivais renomados pelo mundo, como Montreux Jazz Festival, Womad Festival e JVC Jazz Festival.

Destaco também dois bons projetos que ela participa: Projeto Cru, onde desenvolve uma linguagem bem livre, não se prendendo em ritmos ou formulas, e o Batucaje, este ao lado do fabuloso baterista Robertinho Silva.

Dentre esses três últimos percussionistas que eu citei, Dalua talvez seja o menos conhecido.

Nascido em Santo André, ganhou notoriedade acompanhando Maria Rita, mas também já tocou com Lenine, Luciana Mello e outros.

Sua influência é diversa, indo do forró ao brega, com um pé no rock, na capoeira, no samba de roda e em tudo o mais que se possa pensar.

Seu grupo, Ladodalua (ex-Tamboritau), foca nas interpretações, mas também com composições próprias, é notório a desenvoltura e sonoridade dos músicos.

Tive acesso ao Dalua muito por acaso, pois ele é parente do cunhado de um ex-colega de trabalho; eita história...

Para quem quer conhecer, sugiro que procure esse disco, é muito bom.

Falando em bom, tem muita, mas muita mesmo, gente da pesada que gostaria de comentar aqui, principalmente algumas das lendas do samba, mas daí ficaria algo extremamente longo.

Então, fica anotado, mais pra frente dou uma pincelada em algumas dessas lendas.

Boas batucadas.

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