sábado, 12 de dezembro de 2009

Verde, rosa, azul e branco. Algumas linhas sobre uma história



De um lado temos Jamelão, Guilherme de Brito, Xangô, Nelson Sargento, Carlos Cachaça, Cartola, Darci e outros. Na outra ponta temos Monarco, Alvaiade, Noca, Casquinha, Manacéa, e outras estrelas da "constelação de samba".

Para alguns, isso é coisa de terceira idade, de pessoas que já não tem nada para oferecer. Mas o que seria do samba sem o fino toque das velhas guardas, de onde saiu uma infinidade de talentos incontestáveis e outros tantos talentos se filiaram ou declararam seu amor?

A da Mangueira surgiu no fim da década de 1920, quando Cartola notou que o seu bloco, dos Arengueiros, era um dos melhores no batuque e precisava se unir aos outros blocos do morro dos Telégrafos para se tornar uma das “potencias” do samba. O nome surgiu por ser a primeira estação da Central do Brasil onde havia samba.

Segundo Sergio Cabral, a Mangueira foi fundada “numa reunião realizada na casa de Euclides Roberto dos Santos, na travessa Saião Lobato, 21”.

Estavam presentes, além de Euclides, Saturnino Gonçalves, Cartola, Marcelino Jose Cláudio (Maçu), Pedro Caim, Zé Espinguela e Abelardo da Bolinha.

Seu maior puxador de sambas (e talvez o maior de todos os tempos) foi o finado Jamelão, que se “calou” no ano passado. Lembro-me certa vez, assistindo à um show do mestre, Jamelão comentou, irritado, que Cartola pouco fez para a Mangueira, se valendo apenas do nome da escola e nunca se importou muito com ela. Em contrapartida disse que Carlos Cachaça, sim, merecia todo o respeito por parte do pessoal da escola. Brigas de lado, quem sou eu para contestar (?), é difícil desassociar Cartola da Mangueira, mas isso é assunto que me falta um razoável conhecimento para falar.

Mas é bom salientar que, apesar das críticas, Jamelão destacou alguns dos belos sambas compostos por Cartola, sendo o comentário direcionado sobre a sua relação (de Cartola) com a Mangueira.

Já a Portela foi formada em 1934, tendo como origem o bloco Baianinhas de Oswaldo Cruz, formado em 1926, e rebatizado de Vai como Pode em 1928.

Em março de 1934, durante renovação para licença de funcionamento, por proposta do delegado Dulcídio Gonçalves, mudaram o nome para Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela. O nome foi em alusão ao local onde o pessoal se reunia, a Estrada do Portela, 412.

Seu personagem mais ilustre é Paulo da Portela (Paulo Benjamim de Oliveira) que fundou a escola com Antônio Caetano, Manoel Bam-Bam, João da Gente, Antônio Rufino, Heitor dos Prazeres, Alcides Dias Lopes e outros.

Como forma de tributo, para a Portela, um disco recomendado é o Tudo Azul, lançado em 1999, com produção de Marisa Monte e arranjos de (fantástico) Paulão 7 Cordas. Com musicas do inicio da escola, algumas nunca gravadas, o disco trás o quilate de Monarco, Argemiro, Jair do Cavaquinho, Casquinha e tantos outros “esquecidos”. Gente que é tão importante como o samba como ritmo mundial.

Pelos lados da Mangueira um dos bons é o disco Mangueira, sambas de terreiro e outros sambas, de 2000. A produção foi de Hermínio Bello de Carvalho, com direção, também, de Paulão 7 Cordas. Carlos Cachaça e Xangô estão entre os que dão o ar da graça ao espetáculo.

Apesar da terrível associação de samba com rebolados, pornografia e marketing, ainda é muito forte, e altamente respeitável, o nome das velhas guardas no Rio e em São Paulo.

Esqueça por um momento o carnaval e sua imagem vendida, apenas ouça e nada mais. A imagem é passageira, sempre vem outra e toma o seu lugar. A arte é eterna, nada susbitui...




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