quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A estrada permanece

FONTE: sendaiben.org
A estrada pode ser um caminho para lugar nenhum ou para todos eles. Não importa onde você tenha chegado ou de onde partiu, ela sempre encontra um fim em si. A estrada, bacia de medos, mentiras e glórias, percalço e degrau. 

Ao longo dos anos, muitos sentem a necessidade de permanência nesse caminho tortuoso e cheio de curvas, cruzamentos e buracos, ainda que seja somente para continuar rodando, sem parada alguma. Sim, existem muitas coisas para serem vistas nessas estradas, mas não são todas elas que servem àqueles que por ela se aventuram. Cada um com seu tijolo, parece.

Nessas últimas semanas, uma quantidade de músicos apontou que deixaram ou estão se despedindo da estrada, a rodovia da gloria e do fracasso. São pessoas que conseguiram chegar ao máximo do estrelato, venderam muito, tocaram e se apresentaram muito, mas essa estrada tem mesmo que acabar, não? Ou, melhor, nós e que nos acabamos por entre seus caminhos.

Recentemente, Alex Lifeson afirmou que o Rush está oficialmente terminado. O ponto principal é a recusa do baterista Neil Peart em tocar, uma vez que, segundo ele, não consegue mais dar 100% no palco – sofre tendinite. Dessa forma, a maior banda de rock do Canadá encerra a sua brilhante historia, com mais de 40 anos de palco e estrada.  

Seguindo a despedida, Ozzy Osbourne, Lynyrd Skynyrd e Slayer também revelaram que farão as suas derradeiras turnês. O primeiro embarca neste ano na sua Farewell World Tour, com shows até 2020. Ozzy já terminou a End Treck Tour com o Black Sabbath, quando os ingleses encerraram definitivamente a carreira, em 2017. O mesmo Ozzy embarcou na sua No More Tours, em 1992, após, aparentemente, ter sido diagnosticado com Esclerose Múltipla. No entanto, três anos depois, retornou com a Retirement Sucks Tour e desde então permanece na estrada.

O Lynyrd é mais marcado pelo terrível acidente que devastou a banda nos anos 70 do que pela sua música, ainda que tenha uma base fiel de fãs, lotem arenas e lancem discos com certa regularidade desde o seu retorno, na década de 1990. A turnê, chamada de Last of the Street Survivors Farewell Tour, começa em maio e, aparentemente, se estenderá por cerca de dois anos. No entanto, já há rumores de que os membros possam repensar esse fim.

O Slayer está com mais de 35 anos de estrada, tendo permanecido fiel ao seu estilo durante todo esse tempo. Com duas mudanças na formação original e uma discografia curta, porém honesta, o grupo decidiu finalizar o processo nas estradas. Tom Araya, baixista e vocalista da banda, há muito deixa claro o quanto essa vida de shows, viagens e hotéis é desgastante, afastando-o de sua família e seja lá qual o outro afazer. Assim, essa turnê realmente termina tudo.

Outro que embarca para seus derradeiros shows é Elton John, com a Farewell Yellow Brick Road Tour, com mais de 300 shows marcados em cerca de três anos. Será uma bela despedida após 50 anos de carreira. Assim, a estrada de tijolos amarelos termina o seu ciclo, ou um ciclo nela se termina, quem sabe.

Pra finalizar, mais um artista decidiu se aposentar, porém sem turnê, nem centenas de shows. Trata-se de Paul Simon, que anunciou faz poucas horas que fará a sua última apresentação. Será no dia 15 de julho, no British Summer Time Hyde Park Festival. Acompanhado de James Taylor e Bonnie Raitt, Simon passará a limpo toda a sua carreira, desde os tempos da dupla Simon & Garfunkel. A cantor destacou que o showbizz não trás mais nenhum interesse a ele, e que por isso é hora de parar.

FONTE: Stories & Songs
Lembrando dos versos do Savatage e seu epitáfio prematuro, "When the Crowds are Gone": Never wanted to go / Always wanted to stay / Cause the persons I am are the parts that I play / So I plot and I plan / Hope and I scheme / To the lure of a night / Filled with unfinished dreams / And I'm holding on tight /To a world gone astray / As they charge me for years / I can no longer pay / And the lights / Turn them off my friend / And the ghosts / Well just let them in / Cause in the dark / It's easier to see.

(Nunca quis partir / Sempre quis ficar / Porque a pessoa que sou, são as partes que toco / Então eu toco e eu planejo / Tenho esperança e arquiteto / Para a isca de uma noite / Cheia de sonhos inacabados / E eu estou segurando firme / Para um mundo que se perdeu / Enquanto eles me cobram por anos / Que eu não posso mais pagar. / E as luzes / Apague-as, meu amigo / E os fantasmas / Bem, apenas deixe-os entrar / Porque na escuridão / É mais fácil de enxergar.

Enfim, a estrada, o imenso vazio de concreto e acostamentos. Essa permanecerá, inevitavelmente. Mas, a pergunta, quem dela fará apropriação? Quem dela usará até o último bloco, tornando-se assim a própria estrada. 

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