Comecei a ler este livro três vezes, sempre tendo de parar por motivos diversos. Não pela complexidade e riqueza de seus detalhes ou mesmo pela aparente trama incestuosa que permeia boa parte da obra; isso, pelo contrario, atiçava mais e mais a minha curiosidade diante de obra tão marcante. Eis que no ultimo dia do ano, quando os fogos já começavam a despontar, antes de 2009 fechar seus olhos negros, terminei as páginas de tão envolvente obra. Em tempo.
Uma família que vive das ruínas do que um dia foi um grande cenário. Vila Velha, Minas Gerais. Na chácara dos Menezes, cada qual dispersa seu dia em sua própria função, isolados entre si, sem palavras, gestos ou olhares.
Lançado em 1959, Crônica da Casa Assassinada é o clássico do escritor Lúcio Cardoso.
Nascido na cidade de Curvelo, Minas Gerais, Cardoso foi um dos mais expressivos escritores da ficção brasileira. Além de jornalista, dramaturgo e poeta.
A trama do livro gira em torno da família Menezes, que, além do nome, carrega apenas uma imensa propriedade arruinada, assim como os habitantes dela.
Somente quando surge Nina, uma moça da cidade que se casa com Valdo, um dos irmão Menezes, a chácara ganha vida plena, ao mesmo tempo em que inicia-se a sua derrocada final.
Um livro extremamente rico em detalhes, com uma peculiar divisão de capítulos: cartas, narrativas, anotações em diários e confissões.
O desfecho final, literalmente, só é desvendado nos últimos parágrafos do livro.
Enquanto seus personagens divagam, profundos perfis são traçados, como a submissão da mulher ao marido, a traição da esposa mal amada, o amor carnal como base da sobrevivência.
Alem de Crônica..., Lucio Cardoso publicou mais onze livros. O ultimo, O Viajante (1970), foi póstumo. Vitima de um derrame cerebral em 1961, deixou de escrever após isso. Dedicou-se então à pintura, tendo feito duas exposições. Faleceu em 1968.
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