sexta-feira, 12 de junho de 2015

Um poeta que sobe

É difícil mensurar o tamanho de qualquer sentimento. Seja ódio ou dor, paixão ou desalento. No fim das contas, tudo o que sobra não dá conta de nada disso.

O estimado Cazuza costumava dizer coisas muito inteligentes, mas hoje eu só fico com seus heróis, ou os meus. Não morreram de overdose, mas, qual a diferença?, também morreram. E continuarão a morrer, pois é assim que a vida segue, usando da morte como seu adubo, a sua sonda, o sêmen que se espalha nessa constelação, talvez finita, de talentosas vidas virtuosas.

Esta noite adormece, senão mais escura, ao menos mais triste do que as últimas. A sentinela fará o seu papel de velar pelo irmão que se vai, irmão o qual alguns chamavam amigo, outros amor, outros você, outros chamavam moço ou coisa assim.

Nunca conversei com Fernando Brant, mas sinto que ele papeou comigo por ao menos uns quinze e ininterruptos anos. Pois assim são os poetas, conversam conosco mesmo sem nos conhecerem, mesmo reclusos, e dessa forma seguem após suas partidas, seus encontros e..., enfim.

Falando em poeta, Drummond tem em um de seus livros um dos maiores títulos que alguém possa sequer alcançar: sentimento do mundo. Agora eu me pergunto: quando alguém morre, que é esse sentimento?


Agora, nesta noite de pouco brilho, o céu recebeu não uma estrela, mas um planeta. Vá, Fernando Brant, as esquinas do mundo já não bastavam a você.  

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