Independente de suas posições políticas, esquerda, direita, pra frente ou pra trás, a figura de Vargas Llosa sempre me causou profunda admiração. Seja pela escrita extremamente clara e rica em detalhes históricos, seja pelo realismo fantástico que pauta grande parte de seus livros.
Não estou falando do escritor que sempre debateu sobre as formas de governo da América-Latina, com recentes criticas aos governos de Lula e Hugo Chávez, por exemplo. Mas falo do profundo crítico da sociedade peruana, com seu incrível poder de percepção de todas as classes daquele país. Desde o seu romance de estreia, Batismo de Fogo (título no Brasil), passando por A Casa verde, Conversa na Catedral, Tia Júlia e o Escrevinhador, A Guerra do Fim do Mundo ou Historia de Mayta, o que se vê é uma forma de narrativa forte e envolvente, onde os diálogos não necessitam de linearidade.
Aos 74 anos, o peruano é o mais novo Nobel de Literatura, prêmio anunciado na ultima quinta. Quanto ao confronto política/literatura, Vargas Llosa acredita que o Nobel foi mais por sua “obra literária” do que suas “idéias políticas”. O escritor lançou recentemente Sabres e Utopias, reunião de artigos sobre política, literatura e outros assuntos.
Foi a sexta vez que um latino americano recebe tal prêmio. Os outros foram Gabriela Mistral/Chile 1945; Miguel Angel Astúrias/Guatemala 1967; Pablo Neruda/Chile 1971; Gabriel Garcia Marquez/Colômbia 1982 e Otavio Paz/ México 1990.
Espero que o Brasil apareça um dia nessa lista. Ou, quem sabe, não poderiam criar uma categoria póstuma?, daí não faltariam concorrentes brasileiros. Machados, Aluísios, Barretos, Gracilianos, Jorges ou Rosas...
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