Provavelmente um prodígio no seu instrumento. Compositor de mão cheia, com um currículo respeitável, onde se inclui mais de dez anos na banda de Milton Nascimento, participações em alguns dos mais respeitados festivais de música do mundo e gravações/apresentações com brilhantes da música brasileira. Nesse time, destaque para Pepeu Gomes, Mauro Senise, Guinga, Leny Andrade, João Bosco, Emílio Santiago, Marcos Valle, Durval Ferreira, Toninho Horta, Erasmo Carlos, Edu Lobo, Nelson Ângelo, Arthur Maia, Nivaldo Ornelas, Silvio César, entre tantos outros.
No meio de sua concorrida agenda, o músico concedeu uma entrevista ao BS. Com a palavra o pianista, arranjador e compositor Kiko Continentino.
BS● Aos quinze anos você já se apresentava profissionalmente. Como foi esse começo de carreira?
Continentino - No início dos anos 80, meu pai Mauro Continentino concebeu uma casa noturna, um jazz-club
BS● Além de Tom Jobim, quais são suas influências?
Continentino - Muitas. Do jazz à bossa-nova. Do samba ao soul e o verdadeiro funk (a música negra dos norte-americanos). De todas as regiões do Brasil – cada uma com sua riqueza particular. Dos latinos à música clássica. Ouço também rock, pop, etc. De tudo o que ouço e gosto, capturo elementos aleatoriamente – por afinidade mesmo, reprocesso à minha maneira e utilizo na música que produzo.
BS● Apesar de novo, você já possui uma respeitável bagagem, se apresentando tanto com medalhões como jovens talentos. O que esperar dessa nova turma que aparece? Algum destaque?
Continentino - Do alto de quase 41 anos, agradeço pelo “novo”. Mas realmente me sinto bem jovem e com muita coisa por fazer, apesar da predileção pela música que se fazia nos anos 60 e 70 – essas impregnadas de uma verdadeira modernidade e bom gosto natural. De forma geral, sinto que a música que se faz hoje é muito mais “cafona”, mais pobre do que antes. Arranjos, melodia, harmonia e letra, inclusive. Lógico que há exceções – e não são poucas, mas não consigo contemporizar com o meio musical da atualidade e achar que tudo o que é “moderno” é bom. Isso não dá pra mim. O que vejo, infelizmente, é justamente o contrário... Na cena da música instrumental, vejo com felicidade o surgimento de uma turma de grandes instrumentistas, muito talentosos e bem preparados. Eles vêm de várias partes do Brasil (um país continental), a maioria fora do eixo Rio – São Paulo (o que acho maravilhoso) de Brasília, do Sul, do Norte, oeste... Gente que soube usar a farta informação disponível na rede (que não existia na época em que comecei) e está criando uma linguagem atualizada, abrindo espaço junto ao público para a música instrumental. Entretanto, sinto às vezes que essa turma gosta de tocar (sempre) muitas notas, geralmente em andamentos acelerados, privilegiando muito mais a técnica e o virtuosismo. Acho que com o amadurecimento natural do trabalho desses instrumentistas, nossa música terá muito a ganhar num futuro bem próximo.
BS● Como surgiu a oportunidade de se apresentar com
Continentino - Há treze anos atrás o Bituca me convidou para substituir o pianista uruguaio Hugo Fattoruzzo no seu grupo. Foi na estréia de um prestigiado projeto, “Tambores de Minas”. Sigo com ele desde então. Dois anos antes, em 1995, já havia feito duas apresentações com o Milton, que apadrinhou e participou de alguns shows do Bernardo Lobo (filho de Edu), cujos arranjos e direção musical eu assinava. Nosso convidado gostou do meu trabalho - o que muito me honrou – e mais tarde, com a impossibilidade de o Hugo (que morava no exterior) continuar na banda, me oficializou no grupo. Tocar com o Milton é uma experiência única, assim como o seu jeito de fazer música. Milton se tornou um estilo de música
BS● Você possui volumosa parceria com instrumentistas diversos. Ainda há espaço para a música instrumental no Brasil, ou o mercado internacional é mais vantajoso?
Continentino - Temos que trabalhar nas duas frentes. Acredito que ainda há muito, mas muito mesmo o que ser explorado no Brasil. Sinto isso ao participar de tantos festivais bem sucedidos e testemunhar o esforço de muita gente boa ao redor do país trabalhando para ampliar e expandir os horizontes desse tipo de música. Noto o interesse do público por uma música verdadeiramente sem concessões, honesta e longe dessa pasteurização vigente na “grande mídia” atual.
BS● Palcos pequenos ou festivais?
Continentino - Os dois. Comecei tocando em locais pequenos e hoje em dia já participei de eventos reunindo mais de um milhão de pessoas, como essa recente festa dos 50 anos em Brasília - uma loucura. O mais importante é despertar a emoção das pessoas. Sejam 5, 50 ou 50 mil.
BS● Cite três momentos marcantes de sua carreira.
Continentino - Minha apresentação com o Milton no final do ano passado no Carneggie Hall em NY, templo da música mundial. Tem também o show que promovi num bar da
BS● Quais são os projetos futuros?
Continentino - Gravação de muitos
BS● Algumas palavras finais.