segunda-feira, 1 de junho de 2009

Da irreverência para a pregação

Não vou me ater ao direcionamento religioso de Bernadete Dinorah de Carvalho Cidade. Isso seria uma perda de tempo e uma discussão que levanta ódio, admiração e conflito. O fato é que Baby Consuelo ou, se preferirem, Baby do Brasil, é uma das cantoras mais talentosas e peculiares de nossa musica.

A carioca, de Niterói, começou a sua carreira muito cedo, inclusive vencendo um festival de musica aos 14 anos. Três anos depois, foge para Salvador. Por lá, mora na rua, participa de um filme, depois vai para São Paulo; volta para o Rio e, finalmente, marca seu nome na musica nacional, ingressando nos Novos Baianos.

Em 70 o grupo, formado por Luiz Galvão, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e Baby, lança o primeiro disco, Ferro na Boneca. Entre os participantes especiais, estão os Leif´s, banda que contava com o futuro marido de Baby e integrante dos Novos Baianos, o genial guitarrista Pepeu Gomes. Até 78 lançam mais 7 discos, com destaque para o eterno Acabou Chorare (1972). O grupo se tornou um dos mais cultuados nomes da MPB com muitos sucessos, marcados por um visual despojado e um extremo talento de seus músicos.

Mas vamos lá. Em 78, após a dissolução do grupo, Baby partiu para uma carreira solo, lançando no mesmo ano o auto intitulado Baby Consuelo. No primeiro disco a cantora já mostra toda a sua interpretação característica, na escola de Ademilde Fonseca, como em “O Que Vier eu Traço”, “O Fole Roncou” e “Ele Mexe Comigo”. Misturando forró, reggae, xote, rock e tudo o mais, o disco é de uma musicalidade marcante. Os músicos que a acompanham são os mesmos dos Novos Baianos, como Pepeu na guitarra e seu talentoso irmão Jorginho Gomes na bateria.
Em 79 sai Pra Enlouquecer. Entre o clássico da dupla Moraes-Pepeu, “Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira” e interpretações para Ernesto Nazaré, “Apanhei-te Cavaquinho” e Jacob do Bandolim, “Assanhado”; a cantora gravou a versão derradeira de “Menino do Rio”, de Caetano, se tornando a musica umas das mais famosas de repertório de Baby.

Em 80 participa do Festival de Montreaux, gravando um tremendo disco ao vivo, marcando o show com uma performance excelente. Cinco anos depois volta às paradas, com Sem Pecado e Sem Juízo e sua famosa faixa título.

Para matar a vontade dos saudosistas, em 1997, a cantora volta a se apresentar com os Novos Baianos, gravando o ao vivo Infinito Circular. Com canções novas e eternos clássicos, o disco funciona como a despedida de uma época.

"Na imagem e no som
Era uma vez uma tribo
Brincando de paz e amor
Enquanto o homem mandava à luz
O seu disco voador
Nem todos eram baianos
Mas todos eram novos baianos
Gerando ser
Unindo arte e viver"
Anos 70 (Moraes/Pepeu/Galvão/Baby/Paulinho)

Para soterrar de vez o passado, Baby Consuelo mudou o nome para Baby do Brasil e auto proclamou-se evangélica, lançando o disco Exclusivo Para Deus, em 2000.
Como ninguém é de ferro, Baby, vez ou outra, ainda se apresenta com Os Novos Baianos, no entanto sem contar com Moraes e o baixista Dadi.
A telúrica dos cabelos roxos é uma figura ímpar da Brasil.
Abaixo, o clip de Emíla, a Boneca-Gente, do musical Pirlimpipim, exibido pela Rede Globo em outubro de 1982 e faixa do disco Cósmica. E para fechar uma apresentação num "quintal" dos Novos Baianos tocando "A menina Dança", do disco Acabou Chorare.



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