É difícil mensurar o tamanho de qualquer sentimento. Seja
ódio ou dor, paixão ou desalento. No fim das contas, tudo o que sobra não dá
conta de nada disso.
O estimado Cazuza costumava dizer coisas muito inteligentes,
mas hoje eu só fico com seus heróis, ou os meus. Não morreram de overdose, mas,
qual a diferença?, também morreram. E continuarão a morrer, pois é assim que a
vida segue, usando da morte como seu adubo, a sua sonda, o sêmen que se espalha
nessa constelação, talvez finita, de talentosas vidas virtuosas.
Esta noite adormece, senão mais escura, ao menos mais triste
do que as últimas. A sentinela fará o seu papel de velar pelo irmão que se vai,
irmão o qual alguns chamavam amigo, outros amor, outros você, outros chamavam
moço ou coisa assim.
Nunca conversei com Fernando Brant, mas sinto que ele papeou
comigo por ao menos uns quinze e ininterruptos anos. Pois assim são os poetas,
conversam conosco mesmo sem nos conhecerem, mesmo reclusos, e dessa forma seguem após
suas partidas, seus encontros e..., enfim.
Falando em poeta, Drummond tem em um de seus livros um dos
maiores títulos que alguém possa sequer alcançar: sentimento do mundo. Agora eu
me pergunto: quando alguém morre, que é esse sentimento?
Agora, nesta noite de pouco brilho, o céu recebeu não uma
estrela, mas um planeta. Vá, Fernando Brant, as esquinas do mundo já não
bastavam a você.