A morte serve para
alinhar as coisas, colocando todos sobre o mesmo patamar, no entanto isso não
segue tão bem essa lógica. Assim, um bruto pode tornar-se santo; um santo,
homem; e um homem, Deus. São várias as figuras que ganharam ares mitológicos
após as suas mortes, tornando-se peças de devoção e culto sem limite. História
já batida é sobre a “maldição dos 27”, no rock.
Se por si só o
estilo já carrega lendas infindas, essa é apenas mais uma delas, sobre uma
suposta praga que matou vários jovens com a mesma idade, vide Hendrix, Joplin,
Cobain e Morrison. Superstições a parte, a verdade é que todos eles morreram no
auge de suas carreiras, mas mergulhados igualmente no auge de suas fraquezas.
Bom, já que estamos
falando de superstições e música, hoje, 8/12, é um dia com ao menos três pontos
interessantes. O primeiro é que Jim Morrison, um dos “amaldiçoados”, faria 71
anos; também hoje se completam 34 anos da morte de John Lennon; e 20 anos da
partida do maestro do Brasil: Tom Jobim.
Se a morte serve
para igualar, ou aparentemente aumentar as coisas, dos três citados, é notório
que John e Jim viraram figuras míticas. Depois de todas essas décadas, seus
rostos estampam canecas, cadernos, camisetas, caixões. Multidões ainda visitam
seus túmulos ou casas, e suas musicas viraram hinos, mesmo que tenham sido
feitas apenas para serem músicas. Talvez, hoje eles fossem apenas velhos
saudosistas, internados em asilos ou clínicas de dependentes. Lembrariam-se
daqueles verdes e enfumaçados anos 70, da lisérgica década anterior. No
entanto, morreram, deram uma pausa em suas vidas. Já os fãs, estes têm a mania
de reescreverem a história dos ídolos partindo de seu fanatismo, mudando até
mesmo o que não viveram, ou o que nunca existiu. Bom, já dizia outro desses
ídolos que “o nosso amor a gente inventa”.
Mas e o Tom, onde
fica nisso? Ah, o maestro não morreu no auge, posto que lá sempre esteve. Dos
três, Tom manteve-se sempre convicto de seu caminho. Partiu já com a vida
pavimentada, apesar de que não precisava ainda, não é?
Hoje, na Praia de
Ipanema, uma estátua do compositor foi inaugurada. A peça apresenta Tom andando
com o violão às costas. Os olhos nada miram, e o passo é firme. Talvez vá tomar
um chope com John, uma prosa com Jim.
A verdade é que
hoje, de uma forma ou de outra, o mundo sente falta de uns acordes dos quais
nunca teve notícia. Nasce um, vai-se outro, no balanço do Mar.
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