segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Qualquer coisa verdadeira

Uma vida de excessos, solitária, apesar da imagem de eterna amizade, muito poder em pouco tempo, tudo ao breve alcance das mãos. A morte não escolhe ninguém, é claro, mas o fato é que pessoas que se encaixam nesses pequenos itens parecem que possuem uma disposição enorme para partirem pro além. Muitas viram ícones, mesmo sem um pingo de talento, outras possuem a dádiva artística correndo nas veias.

A morte de Amy Whinehouse mostra bem isso. Milionária, nova, extremamente talentosa e sozinha. I don't ever want to drink again/I just, ooh, I just need a friend. E foi uma trágica inversão de papéis. Não havia amigos, apenas a bebida e seu fundo poço de vidro, a bebida e seus companheiros consumíveis.

Escrevo isso depois da recente morte de outro músico, Jani Lane, da banda de rock norte americana Warrant. Às vezes penso que o rock é o meio musical onde há mais excessos, mas vejo que não é bem assim. Ray Charles, Marvin Gaye, Billie Holiday, Elis Regina, todos eles passaram por problemas envolvendo drogas e álcool. O que me choca no caso de Jani é de alguns desses que citei é a falta de apoio de pessoas que, em outras horas, sempre os rodeavam. Sei muito bem que viciado é uma pessoa que dificilmente aceita ajuda, seja ela de qualquer pessoa.

Sei também que isso não possui apenas um lado e que uma hora as pessoas simplesmente desistem e tentam seguir as suas vidas da melhor maneira possível, às vezes com o coração pesado, mas com a certeza de que fizeram tudo o que foi necessário.

Bom, falava do rock. Jani não foi o primeiro, tampouco o último astro que entregou os pontos pelo vício que a vida repleta de coisas deslumbrantes pode trazer. Alguns casos semelhantes, como do guitarrista Steve Clark, do Def Leppard, se encaixam perfeitamente nisso. Uma falsa vida de facilidades que encobre o enorme fosso cheio de depressão e infelicidade. Talentos aos montes, jogados na lata do lixo, como roupas que não tem mais serventia alguma. Logo depois aparecem as carpideiras, com suas lágrimas de plástico e lamentações vazias. Os tributos, as acusações, as rusgas, mágoas e o dinheiro, claro. A roldana que faz tudo girar, e até mesmo aqueles que caem ao chão em tremendo desespero, logo sorriem com a possibilidade dos bolsos recheados do “suor da morte”.

Quanto custa manter a imagem de eternamente aéreo, ícone de uma geração que não te conhece, mas que vive como um clone seu? Quanto custa a amizade, se é que possui mesmo um preço...  




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