Geralmente a pergunta "o que é clássico" aparece em conversas de bares, pontos de ônibus, filas das mais variadas espécies e tantas outras situações. Bem, não estou aqui pra discutir isso, e mesmo que estivesse não sairia muita coisa, pois isso é assunto inesgotável e suscetível a mil respostas, certas ou não.
Enfim, o fato é que na madrugada de domingo o bom escritor gaúcho Moacyr Scliar veio a falecer. E me lembrei desse negócio chato de clássico porque, mais de uma vez, já me vi envolvido no meio de conversas onde se discutia a suposta classe do escritor.
O negócio é o seguinte, Scliar foi um excelente cronista e contista, ponto. Se foi clássico eu não sei, mas sei que foi um dos escritores que mais li e admirei na minha adolescência,e por isso já tem um grande valor pra mim. Sei que não terá substituto, tampouco sua vasta obra reeditada, mas, para quem quiser manter, pelo menos, o seu nome vivo, então vá a qualquer biblioteca e pegue um dos seus bons romances ou, quem sabe, os agradáveis contos.
Faço aqui uma analogia com uma de suas crônicas: O Vencedor, Uma Visão Alternativa. Um homem estava sendo violentamente surrado no ringue quando, de repente, surge a figura de sua sobrinha. A imagem faz com que o homem encontre forças para levantar e destruir o adversário. Todos aplaudiram, menos o perdedor, aquele que narra a breve crônica. Assim foi Scliar, anos e anos nos ringues da literatura, aplaudido e, no fim, derrotado. Acaba assim mesmo, alças prateadas, tampo de mogno e o nome eternizado. O Brasil perdeu um grande escritor.